Depois de um longo tempo sem se dirigir ao público taekwondista, o presidente da CBTKD, Carlos Fernandes, fala sobre tudo o que envolveu a sua oposição ao ex-presidente Jung Roul Kim. O atual presidente da entidade explicou o desenvolvimento de todo este processo, que culminou com a destituição do grão-mestre coreano da presidência da CBTKD - principal cargo do taekwondo nacional, ao qual Carlos Fernandes ascendeu automaticamente. Em uma longa entrevista, Fernandes expôs ainda outras situações, fez alguns desabafos, falou sobre o comando técnico e traçou metas para o futuro da entidade que lidera.
CBTKD: Desde o ano passado (2010) que não se dirige ao público e não faz entrevistas abertas. Qual o motivo de todo este silêncio?
Carlos Fernandes: De lá para cá não tinha mais o que falar, mas sim agir. Foi o que eu fiz.
CBTKD: O que aconteceu realmente nos bastidores da queda de Jung Roul Kim?
Carlos Fernandes: Em primeiro lugar, a teimosia de Jung Roul Kim em não escutar a verdade. Fiquei um ano o alertando sobre diversos assuntos, na própria entidade. Mas ele administrava com medo e estava sendo refém daqueles que realmente o traíram no passado. Fazia acordos com eles, achando que isso era o certo e acabou perdendo o controle da situação. Não se pode administrar uma entidade sendo refém de alguém. Eu lhe dizia que ele não sabia fazer contas, pois trocava 10 por 2. Apesar de toda a minha mágoa com ele, eu o avisava porque, no fundo, não queria que ele caísse. Mas quando ele se intrometeu em assuntos da Federação do Rio, comprometendo a eleição e a direção da mesma ao dar carta branca para o seu amigo Carlos Couto agir, eu me decepcionei e me afastei dele, a pedido da maioria dos presidentes e em defesa da soberania e da ordem.
CBTKD: Por que motivo os presidentes ficaram contra ele?
Carlos Fernandes: Jung Roul Kim não tinha limites. Pedi para ele parar de perseguir presidentes de federações e não se meter nas eleições dos estados. Além disso, alguns presidentes já tinham uma história no passado contra ele. Diante de tudo o que estava acontecendo, a situação ficou irreversível.
CBTKD: O Senhor foi acusado por alguns de tê-lo traído. Como foi isso?
Carlos Fernandes: Isso jamais aconteceu! Quem falou isso foi um grupo de três pessoas que o induziu a erro na sua administração e uma mini patota que “comia um pedaço do bolo”. Sempre fui leal! Fiquei fiel a ele 32 anos da minha vida e, mesmo quando ele errava, ficava ao lado dele, respeitava e gostava muito dele. Quem o traiu foi sua própria prepotência e o fato de ter confiado nas pessoas erradas. A maioria das pessoas que Jung Roul Kim colocou dentro da CBTKD e na diretoria não fez sequer um telefonema para pedir voto para ele. Além do mais, fui eu que o ajudei a entrar na presidência da Confederação. Ele me ignorou, me afastou e se juntou àqueles que não me suportavam. Na verdade, quem foi traído fui eu, a mando de sua equipe, que estava alarmada comigo, pois eu estava exigindo atitude dele. Jung Roul Kim se acovardou perante seus inimigos e preferiu se juntar a essa equipe contra a minha pessoa.
CBTKD: Sob o seu ponto de vista, onde foi que ele errou?
Carlos Fernandes: Para mim ele errou em tudo, sobretudo na escolha da equipe que o assessorava. Certos elementos estavam ali como “paus-mandados”. Alguns, talvez, esperando mais um DAN e outros, uma oportunidade de emprego. Não existia planejamento, tampouco uma Confederação organizada. Jung Roul Kim estava cercado de cobras e péssimos conselheiros. Mas ele se achava soberano em tudo e preferiu seu caminho, sem a minha intromissão.
CBTKD: Atualmente, sua popularidade perante os presidentes de federações teve um enorme crescimento. O que fez para que isso acontecesse?
Carlos Fernandes: Mantive princípios e transparência perante os eleitores. Não mudei de cavalo e continuei apostando no meu. E quem acreditou, está aqui comigo. Os presidentes acreditaram em uma causa que estava perdida e esquecida há anos. Carlos Fernandes trouxe a esperança de mudança e renovação. Os presidentes e parceiros acordaram do sono profundo e se juntaram a mim pela mesma causa. Na verdade, promovi a paz e dei um “ não” à discórdia. Nunca se viu na história das federações tantos presidentes unidos pelo fortalecimento e mudança da CBTKD. Fui transparente, briguei pela autonomia e a ordem da CBTKD. Fui sincero com os parceiros, tratei-os como gente, respeitei-os como presidentes que são e prometi somente o que eu poderia cumprir. Nesse jogo não posso esquecer que, além dos presidentes, houve parceiros que não eram presidentes, mas que vestiram a camisa nessa luta e eles também fazem parte dessa história! Comigo não houve acordos, aliciamento ou troca de favores! Os presidentes foram dignos e honrados com suas decisões e quem falar o contrário é um louco insano, pois essa é a verdade!
"Eles vivem no planeta Xuxa, fazer o quê?”
CBTKD: Como encontrou a CBTKD, quando entrou com a sua nova equipe? Como está a entidade agora?
Carlos Fernandes: Simplesmente um incêndio, nada funcionava. Na conta havia R$1,36. Foi um horror... um verdadeiro incêndio. É lamentável o estado em que estava a entidade. Carteiras e diplomas estavam saindo para tudo que é lado e os verdadeiros mestres, confederados e federações agonizando em seus estados. Acho que o plano era acabar com a CBTKD, mas ainda bem que cheguei a tempo. A verdade é que ressuscitamos um defunto. Tiramos a CBTKD do coma profundo. Esta entidade sempre serviu e nunca tinha sido servida. Explico: serviu sempre de cabide de emprego e interesses próprios para muitos. Agora, o gigante acordou, já tem identidade e responde à altura a qualquer um que seja. Isso, obviamente, incomoda a turma das sanguessugas.
CBTKD: E o que tem a dizer sobre a nota de imprensa que o senhor Carlos Couto colocou nessa época no site BANG?
Carlos Fernandes: Não quero perder meu tempo falando deste cidadão. Nem lembro mais que ele existe, apesar de eu achar que ele ainda tem muitos pesadelos comigo.
No meu ponto de vista, há vontade e o desespero do presidente Yeo Jin em querer ser presidente da CBTKD o atrapalhou, em tudo, no processo de desenvolvimento da Liga Nacional com a Confederação. Talvez isso tenha pesado mais para o presidente Yeo Jin.
Ele não se ateve aos verdadeiros interesses da entidade que ajudou a criar. Tanto é assim, que até nas federações filiadas à CBTKD ele se meteu desastrosamente, de alguma forma. Eles só se preocuparam em atacar a CBTKD de todas as formas e ainda queriam ficar filiados , como é isso? Que absurdo. Eles deveriam explicar a verdade aos seus filiados e à opinião pública, por quê que na época eles não se filiaram de forma legal, ou seja, através da realização de uma assembléia para filiação da Liga. Que acordo misterioso foi esse feito com o ex-presidente, em que eles receberam uma carta de filiação sem sequer passar pelos tramites legais? Deviam explicar tudo isso, mas eles continuam omitindo. Acredito que em breve os filiados e a direção da Liga irão refletir e ver quem foi realmente desastroso em todo esse processo. Eu não tenho dúvida de que foi Yeo Jin e a sua assessoria. Acreditamos que ele queria ser presidente da CBTKD e ter as duas entidades aos seus pés. Mas o Carlos Fernandes atrapalhou o plano deles.
Em algumas de suas matérias, em particular, nota-se rancor e sangue. Escrevem na emoção e não com a razão, pois estão com raiva por não os ter agradado em alguma coisa. Falam em liberdade de expressão, mas pensam que só eles podem falar. Dizem que eu persigo, mas quem persegue são eles, pois se alguém fala deles publicamente, se revoltam (risos). Eles falam da vida de todo mundo, exceto da sua, de onde saíram ou mesmo das suas frustrações e erros do passado. Eu sei que o Taekwondo brasileiro sempre esteve cheio de palpiteiro, só que agora há ação e disso eles não querem participar.
Tem um site que até estava indo bem. Antes de eu ser presidente, quem escreve nele me ligava diariamente e eu atendia todas chamadas, eu passava-lhe informação, divulgava o site dele nos campeonatos oficiais e sites da Federação do Rio. Na época briguei com a outra gestão por causa dele, registrei a ele e ao filho dele na Federação do Rio de Janeiro e na CBTKD, sendo que o ex-presidente da Confederação e o da Federação do estado dele jamais queriam reconhecê-los. Ainda fui lá, tirei o presidente da federação que o perseguia, que era inimigo número um dele, e arrumei o estado e o local para uma nova gestão assumir. Hoje o estado do Rio Grande do Norte esta renovado e atualmente o filho dele está disputando competições tranquilamente, sem perseguição, eu fico até feliz quando vejo o rapaz nas competições. O problema apareceu quando eu logo entrei na presidência da CBTKD, porque esse senhor queria mais, queria que eu fosse refém de todos os seus pensamentos. Como eu não fui, parou de falar comigo de repente, ainda tentou virar um funcionário da CBTKD contra mim e começou a falar uma série de coisas erradas e ainda me chamou de ingrato. Chega ser engraçado não é? (Risos) Só que eu não sou para-raios de loucuras e muito menos refém de alguém.
Depois o site foi tirado do ar, fez uma despedida emocionante do tipo Roberto Carlos e voltou, de novo, como se fosse Rocky Balboa, achando que pode brincar com a mente das pessoas. (Risos) Mas, desejo sorte na nova empreitada dele, não tenho rancor, inveja e nem guardo raiva de ninguém, tenho auto-estima e personalidade e me sinto melhor assim.
Independente de qualquer coisa, torço pelo sucesso dele. Enquanto eu estiver aqui, as portas estarão abertas para ele e para qualquer outro bom profissional. Da mesma forma que ele foi, poderá voltar um dia. Foi ético, até mesmo na dispensa e isso é o que vale!
Esta é uma pasta difícil, até porque a humildade neste esporte parece que não existia mais. Humildade todos nós devemos ter. No Taekwondo, alguns técnicos se acham melhores que os outros colegas, a ponto de falarem mal dos outros publicamente. Quando vejo uma pessoa que se acha profissional falar mal de outros colegas de profissão, para de uma forma ou outra tentar derrubá-los e conquistar o seu espaço, já não posso considerá-lo um profissional. Até entendo que o público, os atletas, os críticos e a torcida peçam um ou outro técnico, pois têm o direito de opinião e avaliação, mas um colega de profissão tem que ter ética. A verdade é o seguinte, nós temos muitos bons técnicos para poucas vagas e quem eu escolher vai ser criticado, até mesmo se eu colocasse Jesus Cristo. Cada vez que eu indico alguém para um cargo, crio dez inimigos e um ingrato. ( Risos )
"Quem falar o que quer vai escutar o que não quer!”
CBTKD: Tendo em conta a forma como o senhor agiu e está agindo para moralizar o taekwondo, tem medo de represálias?
Carlos Fernandes: Medo, eu? (Risos) Jamais! Já me ameaçaram por telefone, me mandaram recados, inventaram coisas, já me chamaram de criminoso, montaram blogs só para me atacar. Quem está certo não tem o que temer. Eu sempre digo: vento que venta cá, venta lá. Quem falar o que quer vai escutar o que não quer! Eu estou aqui para defender os interesses da CBTKD, dos atletas, dos praticantes e do Taekwondo brasileiro. A polícia e parceiros já têm nomes guardados, caso aconteça alguma coisa. A verdade é os dois ou três elementos que estão tentando me caçar, escrevendo frustrações em blogs e outros canais contra mim, estão se esquecendo de suas vidas. Esse tempo que perdem a me atacar poderia ser aproveitado por eles para estar produzindo e melhorando suas próprias vidas. Só lamento!
CBTKD: Como foi a desfiliação da Liga Nacional de Taekwondo?
Carlos Fernandes: A Liga foi desligada do quadro de filiados da CBTKD por decisão dos presidentes de federações e para se cumprirem as normas estatutárias da entidade. A meu ver, a culpa por esta desfiliação foi da própria Liga, quando não quis cumprir com as normas estatutárias da CBTKD.
Na época das eleições, o mandatário da Liga, Senhor Yeo Jin, trouxe seu diligente companheiro Mestre Falcão a tiracolo para o Rio de Janeiro, na tentativa de me convencer a fazer uma chapa com ele. Nos encontramos na Zona Sul do Rio de Janeiro e depois em São José dos Campos. Quem pediu esse encontro comigo foi o Yeo Jin, só que ele trouxe o Eduardo Falcão para tentar me convencer a fazer essa aliança, mas eu recusei. Isso, até hoje, enlouquece o diligente companheiro Falcão que, por causa dessa desilusão, vive a falar bobagem sem noção, talvez a mando do seu chefe. (Risos) No meu ponto de vista, há vontade e o desespero do presidente Yeo Jin em querer ser presidente da CBTKD o atrapalhou, em tudo, no processo de desenvolvimento da Liga Nacional com a Confederação. Talvez isso tenha pesado mais para o presidente Yeo Jin.
Ele não se ateve aos verdadeiros interesses da entidade que ajudou a criar. Tanto é assim, que até nas federações filiadas à CBTKD ele se meteu desastrosamente, de alguma forma. Eles só se preocuparam em atacar a CBTKD de todas as formas e ainda queriam ficar filiados , como é isso? Que absurdo. Eles deveriam explicar a verdade aos seus filiados e à opinião pública, por quê que na época eles não se filiaram de forma legal, ou seja, através da realização de uma assembléia para filiação da Liga. Que acordo misterioso foi esse feito com o ex-presidente, em que eles receberam uma carta de filiação sem sequer passar pelos tramites legais? Deviam explicar tudo isso, mas eles continuam omitindo. Acredito que em breve os filiados e a direção da Liga irão refletir e ver quem foi realmente desastroso em todo esse processo. Eu não tenho dúvida de que foi Yeo Jin e a sua assessoria. Acreditamos que ele queria ser presidente da CBTKD e ter as duas entidades aos seus pés. Mas o Carlos Fernandes atrapalhou o plano deles.
CBTKD: Como fica a situação quando atletas da Liga Nacional querem participar das competições da CBTKD?
Carlos Fernandes: Os atletas da Liga não serão penalizados. É errado pensarem, falarem e divulgarem isso. Eles querem e tentam confundir a cabeça dos seus próprios filiados, colocando informações de meias verdades em blogs patrocinados pelos seus serviçais. A CBTKD está de portas abertas para recebê-los. Vivemos em um país democrático, onde todos têm o direito de escolher onde querem ficar, mas sempre dentro das regras e normas estatutárias. Exemplo disso é o bom relacionamento que o presidente da Liga do Rio de Janeiro, Mestre Antônio, tem comigo. Ele age de forma séria e tem meu aval aqui no Rio de Janeiro.
CBTKD: Então quer dizer que os filiados da Liga podem se tornar filiados das Federações filiadas à CBTKD?
Carlos Fernandes: Sendo da vontade dos filiados da Liga, podem sim! Os praticantes que estão registrados na Liga Nacional que estiverem interessados, podem entrar em contato com a direção da CBTKD, para que possamos orientá-los neste procedimento de se registrar em alguma federação filiada a CBTKD. Qualquer cidadão tem o direito de ir e vir. Se quiser ficar filiado na CBTKD ou na Liga, cada um decide, pois esse direito é garantido ao cidadão.
CBTKD: Acredita que já realizou o sonho de muitos Taekwondistas que já estavam desanimados e que agora passaram a acreditar em dias melhores?
Carlos Fernandes: Não sou nenhum salvador da pátria e muito menos líder de alguma coisa, estou apenas ajudando um esporte que eu amo. Não tenho ambições e nem pretendo utilizar o meu cargo para passar ninguém para trás. Não uso e nunca usarei a entidade para vaidades pessoais. Estive na Federação do Rio e nunca o fiz, ao contrário de muitos. Nem me lembro do último exame de faixa que dei. Quanto aos poucos que faço, tenho a hombridade de dizer na cara de qualquer um que foi a convite da própria pessoa. Nesse tempo o que eu mais escutei foi: “Mestre, o senhor vai ser o meu mestre! Será uma honra para mim se o senhor fizer o meu exame de faixa”. Só faço exame a quem me convida por livre e espontânea vontade, jamais obrigaria alguém a fazer exame de faixa comigo. Eu, sensibilizado pelas condições financeiras de certas pessoas, já fiz até exame de graça e algumas vezes cobrei o que o cidadão pudesse me pagar. Jamais obrigaria alguém a ficar comigo, eles têm que ficar comigo por prazer e satisfação, e não sendo obrigado s. Para mim, isso é o que vale.
"Se eu saísse hoje da CBTKD, já sairia satisfeito e de cabeça erguida.”
CBTKD: Todos os problemas de que falou já foram resolvidos?
Carlos Fernandes: Sei que ainda temos muitas demandas para serem resolvidas. Repetindo o jargão conhecido: “estamos matando um leão por dia” nessa entidade. A equipe trabalha incansavelmente para que tudo se resolva a tempo e as pessoas reconhecem isso. Fico feliz quando vejo alguém elogiando os funcionários que eu selecionei. Agradeço quando vejo pessoas otimistas e sérias acreditando no nosso trabalho e no sucesso dessa gestão atual. Isso é o que vale. Fico feliz por ver que as pessoas sérias que abandonaram esse esporte estão voltando. Ainda há algumas pastas administrativas que merecem reflexão e estou na busca da perfeição. Dei a cara e pus o meu nome em jogo para fazer uma reviravolta nesse esporte, ao contrário de alguns covardes, omissos e mentirosos. Se eu saísse hoje da CBTKD, já sairia satisfeito e de cabeça erguida.
CBTKD: Porque foi desfiliada, em AGE, a Federação do Rio Grande do Norte e seu ex-presidente Suetônio Leite foi excluídoda CBTKD?
Carlos Fernandes: Sempre ouvi falar que no Rio Grande do Norte havia uma ditadura rigorosíssima que foi instalada há anos. Soube que, quando esse regime caiu, até houve festa por lá, o que mostra que a decisão tomada na assembléia estava certa. Entendo que algumas pessoas de lá tinham até boa vontade para resolver a situação em tempo, mas desanimavam ao saber que o ex-gestor da CBTKD era o pai da criança daquele estado. No mundo de hoje não há mais lugar para autoritarismo, ditadura ou coisa parecida. Era um absurdo o que acontecia por lá. E o engraçado nessa questão é que ele nem veio pessoalmente na assembléia defender os interesses de sua federação, tendo ainda se dado ao luxo de mandar um procurador que nem se levantou na hora do direito de sua defesa. E agora ele quer reclamar de quê? Um bom exemplo dos frutos dessa ação é o caso do atleta de lá Rodrigo Nunes , que está registrado e disputando tranquilamente sem perseguição os campeonatos regionais e nacionais. Por esse caso e pelo de muitos atletas que se libertaram, essa atitude valeu a pena!
"Entrou no ônibus e quis logo sentar no banco da frente, do lado da janela.”
CBTKD: Jardson Bezerra, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Taekwondo, tentou cancelar algumas AGE’s, mas foi deferido um despacho, pelo Poder Judiciário, ignorando essa decisão. O que tem a dizer sobre isto?
Carlos Fernandes: Eu não tinha dúvidas dessa decisão da Juíza que deferiu o despacho a favor da CBTKD. O despacho dela é claro e, notoriamente, dentro da lei. Foi absurda a decisão do Sr. Jardson extrapolando os limites de sua competência. Eu avisei-o e inclusive avisei o Jung Roul Kim, quando o indicou. Ele era suspeito para assumir esse cargo por ser aluno, amigo e ter afinidade com Jung Roul Kim, mas na época da assembléia de posse os dois não me deram ouvidos. O Jardson Bezerra errou porque entrou no ônibus e quis logo sentar no banco da frente, do lado da janela. Os poderes subiram em sua cabeça e ele ignorou o meu aviso de que a assembléia é soberana. Além do mais, ele estava por fora dos acontecimentos do Taekwondo Brasileiro. É lamentável.
CBTKD: Mestres, Federações (Acre, Rio Grande do Norte, Roraima, Ceará) e Liga foram desfiliados em tão pouco tempo, algo inédito na história do Taekwondo Brasileiro. Porque fez toda essa faxina no Taekwondo Brasileiro?
Carlos Fernandes: Chega a ser cômico quando escuto falar que nada mudou ou que nada foi renovado, como se eu estivesse fazendo gestão para poucos cegos, frustrados e preconceituosos. Em um ano fizemos 17 assembléias para o melhor dessa entidade e nunca na sua história houve tantas assembléias para a sua melhoria. O Norte e Nordeste hoje estão sendo escutados e reconhecidos como nunca foram. O ministério de esporte já aprovou vários projetos apresentado pela nossa gestão, logo será divulgado. Acho que faltava alguém para fazer o serviço e sobrou para mim. Era o que todos pediam há anos, porque do jeito que estava era impossível trabalhar! Muita coisa estava errada, havia muitos vícios e, pior, muito ranço! Sei que fiz alguns inimigos, mas aqui acabou a dança das cadeiras! Estou em guerra contra os covardes, mentirosos, contra a perseguição, omissão, privilégios e donos de cartórios. Hoje quem vier trabalhar vai ter metas e trazer resultados. Não serão somente os atletas que terão o c ompromisso de trazer resultados, mas todos os que estiverem envolvidos com a entidade. Não persigo ninguém, pelo contrário depois das minhas ações eu é que sou perseguido, e as Federações têm total autonomia para trabalhar. Mas, na verdade, essas que se foram não somavam em nada. O nosso trem tem 27 vagões (Estados mais o DF) e tem que andar a todo vapor. Ninguém mais pode ser prejudicado pela inércia dos outros.
"Eu entendo que muitas vezes o agressor é apenas um doente, mais necessitado de medicina do que punição.”
CBTKD: Ainda há mais para punir?
Carlos Fernandes: Muitas vezes não se trata de punição e sim de ordem. Há gente que acha que democracia é fazer o que quer, bagunça ou coisa parecida. Mas em democracia há ordem! Veja que há grandes países democráticos que têm até pena de morte, se necessário, para fazer cumprir as leis. Eu entendo que muitas vezes o agressor é apenas um doente, mais necessitado de medicina do que de punição.
Às vezes você lê em certos blogs e sites de Taekwondo coisas que não são para serem levadas a sério. Em algumas vezes quem escreve aquilo quer o seu momento de fama, de qualquer forma, usando somente a língua. É o que eu chamo do “Taekwonlíngua”. É um absurdo e muitas vezes inventam coisas, ficam no “eu acho”, “eu penso”, “pode ser”, “vai acontecer”, “vamos ver”... Se fazem de bons moços, de intelectuais, mas nunca aparecem nas competições ou mesmo na CBTKD e de certeza que, se forem chamados para trabalhar e colaborar na entidade, se esquivam de medo! Em algumas de suas matérias, em particular, nota-se rancor e sangue. Escrevem na emoção e não com a razão, pois estão com raiva por não os ter agradado em alguma coisa. Falam em liberdade de expressão, mas pensam que só eles podem falar. Dizem que eu persigo, mas quem persegue são eles, pois se alguém fala deles publicamente, se revoltam (risos). Eles falam da vida de todo mundo, exceto da sua, de onde saíram ou mesmo das suas frustrações e erros do passado. Eu sei que o Taekwondo brasileiro sempre esteve cheio de palpiteiro, só que agora há ação e disso eles não querem participar.
Tem um site que até estava indo bem. Antes de eu ser presidente, quem escreve nele me ligava diariamente e eu atendia todas chamadas, eu passava-lhe informação, divulgava o site dele nos campeonatos oficiais e sites da Federação do Rio. Na época briguei com a outra gestão por causa dele, registrei a ele e ao filho dele na Federação do Rio de Janeiro e na CBTKD, sendo que o ex-presidente da Confederação e o da Federação do estado dele jamais queriam reconhecê-los. Ainda fui lá, tirei o presidente da federação que o perseguia, que era inimigo número um dele, e arrumei o estado e o local para uma nova gestão assumir. Hoje o estado do Rio Grande do Norte esta renovado e atualmente o filho dele está disputando competições tranquilamente, sem perseguição, eu fico até feliz quando vejo o rapaz nas competições. O problema apareceu quando eu logo entrei na presidência da CBTKD, porque esse senhor queria mais, queria que eu fosse refém de todos os seus pensamentos. Como eu não fui, parou de falar comigo de repente, ainda tentou virar um funcionário da CBTKD contra mim e começou a falar uma série de coisas erradas e ainda me chamou de ingrato. Chega ser engraçado não é? (Risos) Só que eu não sou para-raios de loucuras e muito menos refém de alguém.
Depois o site foi tirado do ar, fez uma despedida emocionante do tipo Roberto Carlos e voltou, de novo, como se fosse Rocky Balboa, achando que pode brincar com a mente das pessoas. (Risos) Mas, desejo sorte na nova empreitada dele, não tenho rancor, inveja e nem guardo raiva de ninguém, tenho auto-estima e personalidade e me sinto melhor assim.
"Esse já não é mais um palhaço, mas um bobo da corte.”
CBTKD: E quanto à vinda inédita da Kukkiwon ao Brasil, o que tem a dizer?
Carlos Fernandes: Para mim, isso foi um marco na minha gestão. Adoro quando faço os oportunistas quebrarem a cara. Antes do evento, chegaram até a ironizar o acontecimento com a foto do Tiririca em um blog. Titirica é um palhaço profissional e um deputado e ganha muito bem para fazer graça. Pior é quando alguém que quer ser palhaço não faz graça, não ganha nada com isso, escreve bobagem, perde seu tempo e ainda paga mico. Esse já não é mais um palhaço, mas um bobo da corte. O mais importante é que fomos o pai da criança, os primeiros a realizar esse sonho. Não importa se eles voltarem ao Brasil por conta de algum especulador, isso é irrelevante. O que importa é que eu fui o primeiro a executar esse sonho dos Taekwondistas, o que ficou marcado! Se a Kukkiwon vier de novo a pedido de alguém, não terá o mesmo impacto, pois fomos os primeiros a trazê-los.
"Cada vez que eu indico alguém para um cargo, crio dez inimigos e um ingrato.”
CBTKD: Qual o motivo para a dispensa de uma parte da comissão técnica, em específico de Fernando Madureira?
Carlos Fernandes: Foi uma decisão natural, como acontece em outros esportes . É a rotina profissional e ninguém é intocável, sempre falei isso. Enganou-se aquele que batia nessa tecla. Alguns falavam que ele estava no cargo porque era presidente e eu precisava da procuração dele, bobalhões, pois nunca fizemos acordos desse tipo para que ele ficásse no cargo. Quando cheguei tirei ele da Lei Piva e ele foi para o patrocínio da Petrobras. E agora os covardes irão inventar o quê?
Nós conversamos bastante e ele foi muito profissional e entendeu a minha decisão. Quero liberdade e acho que esta foi a melhor hora para uma mexida técnica. Não tenho nada contra o Madureira. Ele tem um grande curriculum e história no Taekwondo Nacional e trabalhou muito. Considero-o um amigo e um grande profissional. Tanto que o Diogo Silva pediu para ele ser seu técnico nas O limpíadas e eu aceitei o pedido dele. Independente de qualquer coisa, torço pelo sucesso dele. Enquanto eu estiver aqui, as portas estarão abertas para ele e para qualquer outro bom profissional. Da mesma forma que ele foi, poderá voltar um dia. Foi ético, até mesmo na dispensa e isso é o que vale!
Esta é uma pasta difícil, até porque a humildade neste esporte parece que não existia mais. Humildade todos nós devemos ter. No Taekwondo, alguns técnicos se acham melhores que os outros colegas, a ponto de falarem mal dos outros publicamente. Quando vejo uma pessoa que se acha profissional falar mal de outros colegas de profissão, para de uma forma ou outra tentar derrubá-los e conquistar o seu espaço, já não posso considerá-lo um profissional. Até entendo que o público, os atletas, os críticos e a torcida peçam um ou outro técnico, pois têm o direito de opinião e avaliação, mas um colega de profissão tem que ter ética. A verdade é o seguinte, nós temos muitos bons técnicos para poucas vagas e quem eu escolher vai ser criticado, até mesmo se eu colocasse Jesus Cristo. Cada vez que eu indico alguém para um cargo, crio dez inimigos e um ingrato. ( Risos )
CBTKD: Acha que a solução será contratar um técnico estrangeiro?
Carlos Fernandes: Pode ser que sim, mas só se for para somar, e não para dividir.
CBTKD: Já tem alguém em mente para tal vaga?
Carlos Fernandes: Estou em conversação com alguns, em off. Quero um profissional qualificado, com projetos e ambição para até 2016. Abri espaço para os atletas se manifestarem e já conversei com a Natália, o Márcio e o Diogo para saber suas opiniões. Um técnico da Seleção Nacional não tem que se meter em política ou se aproveitar do cargo para aliciar alguém. Tem que ter profissionalismo e princípios, entender que o atleta tem uma casa e um passado e só pertence a ele naquele momento. O técnico da Seleção estará apenas desenvolvendo um trabalho a nível nacional e não na vida pessoal do atleta.
CBTKD: Mas não pode revelar nomes?
Carlos Fernandes: Não! Você quer saber demais . É o Papai Noel, vai chegar de trenó. (Risos)
CBTKD: E os atletas, como ficam nesse meio tempo?
Carlos Fernandes: Os atletas são o nosso maior patrimônio. Faço tudo para que a política não atrapalhe o processo de evolução deles. Reconheço que ainda pecamos em algumas ações, mas é tentando acertar. Já estamos ajeitando tudo.
CBTKD: Como está a preparação da Natália e do Diogo para as Olimpíadas?
Carlos Fernandes: Converso com eles constantemente, acredito e não tenho dúvidas de que estão a todo vapor . Não me preocupo com os dois, em termos de preparação, pois são dois belos profissionais e não precisam ser vigiados. Eles sempre cumprem com seus deveres . A Natália esta de parabéns pela sua recuperação. Eu não errei quando apostei neles e podem acreditar que eles não irão vacilar . Confio neles!
CBTKD: Quanto ao Márcio Wenceslau, haverá ainda chances de ele ir às Olimpíadas de Londres?
Carlos Fernandes: O que fizeram com o Márcio foi uma covardia, estou correndo nos bastidores, exigindo a sua ida. Já mandei as notificações e provas necessárias para WTF e PATU, para que reconheçam a injustiça que foi feita contra ele. Não descansarei e nem medirei esforços para que ele conquiste a sua vaga olímpica.
CBTKD: O senhor estará presente nas próximas Olimpíadas?
Carlos Fernandes: Claro que sim, estarei lá entre eles para fazer a festa. Tenho a certeza de que Natália, Márcio e Diogo darão seu sangue pela conquista. Vejo isso nos seus olhos, eles têm “eyes of the tiger” e, com certeza , estarei lá para ajudá-los no que for preciso.
"Isso, ao meu ver, parece uma casa de marimbondo, um balaio de caranguejos em que uns entram e outros saem”
CBTKD: A curto prazo, pretende fazer alterações em alguma das pastas que ao seu ver ainda não funcionam corretamente?
Carlos Fernandes: Não me sinto confortável ainda em relação à forma de realização dos exames de faixa, à situação dos árbitros, à competição de Poomsae e de Master. Pretendo resolver isso de uma boa forma para todos. Mas antes, temos que reconhecer algumas questões que já passaram do tempo e do limite. Acho que o sol nasce para todos e temos saída sim, mas não sei se haverá tempo para resolver a situação na atual gestão. Exame de faixa ao meu ver, parece uma casa de marimbondo, um balaio de caranguejo, em que uns entram e outros saem. Acho que é uma questão mais política do que qualquer outra coisa, mas já estou estudando tranquilamente o caso para encontrar uma solução.
Quanto aos árbitros, já venho trabalhando para que tenham melhores condições. Antes pagavam para trabalhar, agora isso já não acontece. Estou reconhecendo o trabalho deles, acabei com a pressão psicológica e influência de alguns sobre eles e, com isso, ganham os atletas, público, entidades e eles também.
Também tem havido um crescimento impressionante dos competidores de Poomsae, o que fortalece a imagem do Taekwondo Marcial. Tenho prestando muita atenção a essa competição e irei ver de que forma posso melhorar as suas condições. O Máster é show e, certamente, irei fomentar essa pasta. Tenho que apoiar os velhinhos guerreiros, pois também sou um deles (risos). Acho o máximo ver os taekwondistas da minha época em ação. Vejo nos olhos deles o amor que têm. Queria estar lá no ringue com eles! Com certeza , terão meu total apoio.
Quanto aos árbitros, já venho trabalhando para que tenham melhores condições. Antes pagavam para trabalhar, agora isso já não acontece. Estou reconhecendo o trabalho deles, acabei com a pressão psicológica e influência de alguns sobre eles e, com isso, ganham os atletas, público, entidades e eles também.
Também tem havido um crescimento impressionante dos competidores de Poomsae, o que fortalece a imagem do Taekwondo Marcial. Tenho prestando muita atenção a essa competição e irei ver de que forma posso melhorar as suas condições. O Máster é show e, certamente, irei fomentar essa pasta. Tenho que apoiar os velhinhos guerreiros, pois também sou um deles (risos). Acho o máximo ver os taekwondistas da minha época em ação. Vejo nos olhos deles o amor que têm. Queria estar lá no ringue com eles! Com certeza , terão meu total apoio.
CBTKD: O que deseja para o futuro do Taekwondo brasileiro?
Carlos Fernandes: Se Deus quiser, e ele quer, o meu sonho e a minha meta, a curto prazo, é sanar todas as dívidas da entidade, acabar com a bagunça e a rivalidade que se instalou nesse esporte, trazendo assim a paz necessária para podermos trabalhar. A longo prazo, minha meta é colocar o T aekwondo brasileiro igual ou melhor do que o Judô brasileiro . Fazer com que todos estados do Brasil tenham condições iguais e representação no Taekwondo. Aí sim, estarei com minha missão cumprida. Se isso não acontecer ainda na minha gestão, deixarei o caminho preparado para que outro venha e dê continuidade ao serviço. Mas para isso acontecer, temos que acabar com muitos vícios, inveja, desigualdade e trabalhar muito. Tenho fé em que um dia o Taekwondo não tenha mais espaço para intrigas e amadorismo. Vejo que ainda há uns que torcem pela desgraça alheia. São pessoas que vivem na escuridão, mas o seu espaço está a terminar. Espero fazer o meu melhor, ajudar os mais necessitados e criar igualdade para um futuro melhor. Quando isso acontecer, entregarei o bastão e irei cuidar mais da minha vida.
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