Este é um pequeno artigo sobre a influência que a cultura de uma sociedade pode
trazer ao esporte.
Saliento que esse artigo tem a finalidade de analisar
exclusivamente a relação entre a cultura e o esporte, pois há diversos fatores
que podem vir a influenciar, porém não serão incluídos aqui.
Cultura, à
partir do autor Giddens, temos que é o conjunto de normas e valores de uma
sociedade, sendo que à grosso modo, normas seria os comportamentos diários e
valores, a distinção de certo e errado.
Então, o que a cultura tem a ver
com o esporte? A cultura de um povo molda uma tendência emocional e de índole.
Como assim? Perceba que os mulçumanos vivem bastante sua crença, tem que rezar
determinadas vezes ao dia de tal maneira, senão isso será um pecado. Podemos
pensar na religião como uma fé depositada em certo conjunto de ideias de
"filosofia de vida" e, é essa fé e atos que fazem a distinção de muitos atletas
em certos esportes. Entendeu? Não?! Deixe-me explicar com o TaeKwonDo.
Atualmente, temos atletas mundiais com um nível técnico muito parecido. Então
porque há uma tendência para alguns atletas e/ou países conquistarem medalhas?
Creio que isso também é um fator cultural, a maneira que é a formulação da mente
dessas pessoas vitoriosas na sua sociedade. O exemplo a ser dado sobre a
religião seria dos iranianos, um povo que tem uma forte influência da religião
islâmica, já que a mesma também é atrelada ao Estado. Essa religiosidade diária
deles se reflete em sua luta. Em momentos difíceis, há atletas que pensam: "Alá
está comigo! Irei vencer no final!". Percebe que eles não pensam muito na
derrota, e sim na vitória que pode ser até que não venha.
Em esporte de
combate, o controle emocional é necessário e a fé é um auxílio, pois ajuda a
acreditar sempre resultado no positivo. Sendo que um esporte onde o nível
técnico dos atletas é bastante parecido, são detalhes que diferencia os
perdedores de vencedores. Uma técnica executada sem confiança pode ser a
oportunidade perdida ou dada ao adversário, além também que a falta da mesma
pode caracterizar o descontrole emocional, o que com certeza acarretará na
derrota em qualquer esporte.
Só que isso não se reflete em todos os
esportes, porque não vemos, por exemplo, iranianos bons no futebol, mas nas
lutas, em um esporte individual, eles são bons, como o já citado Taekwondo e
também a Luta Olímpica. Não me refiro que os mulçumanos são individualistas, e
sim, que a cultura deles traz uma fé que os deixam diferenciados, ainda mais nas
lutas, pois geralmente os povos do Oriente Médio e mulçumanos tem sua história
ou realidade marcada por lutas.
Os europeus, um povo com recurso e que
investe bem na educação, forma atletas competentes, que muitas vezes não tem um
talento além do normal, mas tem um bom histórico de trabalho e estudos. Se
comparar com os latinos, percebemos boas diferenças de organização e cultura.
Percebe que os pan-americanos são de certa forma, nacionalistas, porém parecem
que não ACREDITAM tanto no seu país, no seu potencial, relembrando a associação
com a fé para as coisas darem certo, como já foi citado.
Não é geral,
mas alguns dos brasileiros realmente têm a cultura do "jeitinho brasileiro", do
fazer algo de errado e pensar que "não vai dar nada", fazendo com que essas
ideias substituam o trabalho, dedicação e afins, tanto que o esporte brasileiro
é de grande potencial (e como não poderia ser?! Somos um país do tamanho de um
continente com muito material humano) e, é lógico, temos um problema de
reconhecimento e de administração esportiva, mas também lembro que o esporte
está vivendo a época de "vacas gordas" até 2016, já que temos a Copa do Mundo de
Futebol e os Jogos Olímpicos até o referido ano. Mesmo sabendo que a
administração desportiva ainda está evoluindo, atletas e equipes tem a chance de
receber um dinheiro nunca visto e veremos se os resultados até 2016 serão
coniventes, ou iremos ter um belo exemplo de que o Brasil não só necessita de
investimento, mas também de uma reformulação na mente das pessoas, de suas
atitudes e pensamentos, porque para sermos vencedores, trabalhadores,
organizados, educados, entre outros, isso irá depender de nossos atos dia após
dia.
Podemos constatar no exterior que muitos buscam o esporte com o
objetivo monetário. Até que isso também motiva muitos brasileiros hoje, porém
ainda temos o pensamento de que esporte de alto rendimento e dinheiro ainda não
combinam. Isso pode ser percebido por atletas brasileiros que não entraram no
esporte por motivos financeiros e, sim, por objetivos maiores. Assim sei que
muitas pessoas são moldadas por essa esfera monetária do esporte e acabam
virando atletas. Países como Cuba em que a maioria da população vive com 15
dólares mensais e quem têm muito ganha 40. E um atleta ao ganhar uma medalha
olímpica tem direito a um salário vitalício entre 90 e 360 dólares. Em um país
pobre, com custos baixos, a pessoa estaria rica no padrão cubano, ou seja, uma
oportunidade de mudar a vida. Mas não é só Cuba, também podem ser citados
diversos países europeus, asiáticos e outros, como Turquia.
Uma outra
cultura interessante são os orientais, que são o melhor exemplo de como a
disciplina de sua cultura reflete nos seus esportes. Uma cultura de disciplina,
respeito, hierarquia e de submissão à pátria. Percebe-se isso muito no processo
de educação do povo e isso se reflete muito bem no dia-a-dia do treinamento em
que se o treinador manda fazer cem mil chutes, os comandados obedecem sem
reclamação.
Quem ganhou as duas últimas Olímpiadas? China! Nos esportes
de combate, quem normalmente são os mais temidos? Os orientais.
O Brasil
é melhor nos esportes em equipe. Será que isso é devido que alguns tem que
carregar o fardo do outro quando um não consegue fazer o que é necessário? Não
falo isso com muita convicção, mas creio que isso pode ser resultado da falta de
preocupação da sociedade com a vida, sempre dando um "jeitinho" para saciar
necessidades, não tendo disciplina necessária na escola, seguir um rumo e regras
bem estabelecidas, fazendo o que alguns já mencionaram: "Brasileiro é bom de
bola porque não estuda, então joga bola".
Se formos analisar, há algumas
verdades:
Brasil tem um hábito de ser acomodado, desde da sua história à
partir dos índios, sendo que quando estiver com tranquilidade para viver, há uma
certa acomodação (claro que isso não é só do Brasil, mas creio que há de uma
forma acentuada), deixando a ambição de lado. Nós, brasileiros, somos
indagadores de nossa atual situação, porém não respeitamos nosso próprio país em
nosso dia-a-dia.
Os atletas brasileiros tem um grande potencial, sempre
dão trabalho aos adversários, mas quando chega na hora de resolver, de pegar um
resultado expressivo, parece que a confiança vai embora, ou à falta de
disciplina e de entrega em certos momentos de sua preparação para aquela hora
decisiva, acaba sendo decisiva para conquistar e manter resultados expressivos.
Lógico que temos atletas excepcionais, que são destaque em sua modalidade, mas
temos que ter o discernimento que estamos muito longe de ser uma máquina de
talentos como China e EUA.
Uma solução está em fazer uma verdadeira
lavagem cerebral em todos os brasileiros, lógico que muitos aspectos que nós
temos que manter, porém estamos muito além do que poderemos ser. Mas será que
isso é possível ser feito até 2016? Creio que quatro anos é pouquissímo tempo
para um processo que é longo e demorado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário