Diogo Silva, que representará o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2012, explicou em uma entrevista quais os seus planos para as próximas Olimpíadas. Falou da sua preparação e ainda do seu trabalho conjunto com a Confederação Brasileira de Taekwondo, referindo que esse é o momento em que as duas partes estão interagindo melhor.
CBTKD: Como está sendo a sua preparação para as Olimpíadas de 2012?
Diogo Silva : Começamos a preparação no mês de novembro, recuperando de algumas lesões dos Jogos Pan-americanos. Agora estamos num processo de fortalecimento de musculatura, que vai acontecer durante todo o mês de dezembro. Em janeiro já começam os trabalhos específicos e vamos ter um período de sete meses de treinamento até aos Jogos Olímpicos. Nós acabamos de organizar o calendário de 2012 e agora vamos ver os recursos que vamos conseguir de investimento para desenvolver esse trabalho. Vai ser um trabalho conjunto com a equipe multidisciplinar, com a Confederação Brasileira de Taekwondo e com o projeto da Petrobras e do IPM. Vamos tentar agregar o máximo possível de atletas que se encaixam nesse grupo.
CBTKD: Na sua concepção, o que foi mais importante para você ter alcançado a sua vitória na Seletiva Mundial de Baku, no Azerbaijão?
Diogo Silva: Acho que foi mentalizar e focar essa competição como o alvo do ano, como a competição mais importante e ter tido uma concentração muito grande. Preparei-me durante muito tempo para essa competição. Também tive de lidar com a questão de estar bem no dia. Eu estava num dia muito inspirado, tudo estava dando certo. Foi um grande resultado eu ter conseguido me classificar no Pré-olímpico Mundial de Baku.
CBTKD: Essa foi a primeira vez que o Brasil se classificou para as Olimpíadas numa seletiva mundial, certo?
Diogo Silva: Foi um resultado inédito. O Brasil já tinha conseguido ficar no máximo entre os oito melhores. Eu fiz seis lutas e havia 65 atletas disputando vaga na minha categoria. Fiquei em terceiro lugar, atrás do Iran e da Turquia, que hoje são os dois grandes nomes da minha categoria. Foi um ótimo resultado. Fiquei muito feliz por tê-lo alcançado e colocado o Brasil dentro dessa classificatória mundial, pela primeira vez. Isso me deu uma grande motivação, porque se eu consegui fazer o trabalho para classificar no Pré-olímpico mundial, que é a competição mais difícil dentro do nosso esporte, eu consigo fazer um trabalho para estar medalhando nos Jogos Olímpicos.
CBTKD: Você sente maior responsabilidade por as expectativas depositadas em si estarem bastante altas?
Diogo Silva: Todo o atleta que classifica para os Jogos Olímpicos já tem uma grande responsabilidade. Nós estamos entre os melhores dos melhores. Num grupo total de 100 países, somente 16 passam para os Jogos Olímpicos. Então já é uma expectativa grande de quem classifica. Para mim, isso é positivo, porque consegui atingir um ponto que nenhum brasileiro tinha conseguido. Eu sei que sou capaz de ainda melhorar esse resultado, de passar do terceiro para o segundo e do segundo para o primeiro. Eu tenho uma cobrança muito grande e vou transmitir isso para o meu grupo e vamos tentar alcançar essa meta, que é medalhar nos Jogos Olímpicos de Londres. É essa a grande expectativa de todo o grupo. Mas nós estamos num esporte de contato. Há ganhadores e vencedores. Eu acho que só de estar nos Jogos Olímpicos, todos ali já são vencedores. Ninguém entrou ali sem motivo, todos têm um padrão elevado para estar lá. Sabemos que é uma competição muito difícil, mas que estamos aptos a conseguir bons resultados.
CBTKD: A sua meta para 2012 é, precisamente, medalhar?
Diogo Silva: É. Eu estou com 29 anos, completo 30 no ano que vem. Estes são os meus segundos Jogos Olímpicos. Fiquei fora dos de Pequim, porque exatamente priorizei outras competições: a medalha dos Jogos Pan-americanos que foram realizados no Brasil, porque essa era uma competição muito importante. Mas para 2012, os Jogos Olímpicos eram a minha grande ferramenta para dar a volta por cima. É possível medalhar, com o apoio da CBTKD e dos nossos parceiros. E acho que isso não é um sonho, pode ser real. Vou trabalhar nos próximos sete meses focado nisso.
CBTKD: Até quando pretende continuar a sua carreira?
Diogo Silva: Eu planejei a minha carreira para estar no auge agora, nos Jogos Olímpicos de 2012. Trinta anos é uma idade em que o atleta está completo física e psicologicamente, bem maduro e experiente. Para os Jogos Olímpicos de 2016, vou estar com 34 anos. Acho que é um plano ousado eu achar que possa lá estar com essa idade, principalmente na categoria até 68kg, que é de atletas muito rápidos. Praticamente, ninguém conseguiu uma medalha olímpica com 34 anos. Eu posso ser o primeiro, mas acho que é uma expectativa muito grande. Então eu estou concentrando todas as minhas energias agora porque é o momento em que eu estou a 100 por cento e sei que estou apto para conseguir. Com quatro anos à frente, nos Jogos Olímpicos de 2016, eu acho que vai depender de como o meu corpo vai reagir aos treinamentos, de se atletas mais novos já me tiverem ultrapassado nas competições, de se eu estiver me sentindo bem. Acho que se tudo estiver casando, provavelmente, eu me alongue até 2016. Mas se eu já me sentir satisfeito, acho que meu plano acaba neste momento.
CBTKD: De que forma a Confederação tem vindo a apoiar você como atleta?
Diogo Silva: A Confederação passou por uma reformulação recentemente e dentro desse período, há sempre altos e baixos. Com esta nova gestão, eu acho que já tivemos muitos pontos positivos, como essa abertura com os atletas e essa flexibilidade de estar conversando e dialogando, de poder questionar o que pode ser melhor para esse grupo. Agora temos um plano olímpico que é comum para todos. Todos querem um resultado positivo. Eu quero, porque é importante para a minha carreira, a Confederação quer porque é importante para o esporte brasileiro. Estamos interagindo e falando a mesma língua.
CBTKD: Quer acrescentar uma mensagem final?
Diogo Silva: O Taekwondo Brasileiro é um esporte em constante crescimento. Temos atletas muito bons no nosso país e eu creio que, nos próximos cinco anos, o Brasil vai conseguir alcançar um ápice dentro dessa modalidade e servir de exemplo para outros países. Então acho que a minha geração, que é muito vitoriosa e conseguiu medalhas em jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais, pretende passar toda essa experiência para os atletas mais novos brilharem em 2016. Acho que a mensagem é que esses atletas se concentrem e tentem trazer muito mais do que nós conseguimos. Vou ficar muito feliz por saber que terei um sucessor melhor do que o que eu fui e que vai dar continuidade ao nosso esporte.
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